Joyce Trindade 

Secretária Especial de Políticas e Promoção da Mulher (SPM-Rio)

 

Qual a definição de liderança para você?
A liderança é a habilidade de motivar, escutar e traçar estratégias de forma qualificada, para a geração de um resultado assertivo. Tornar-se líder sendo mulher, é trazer comigo os anseios ancestrais de uma sociedade mais justa, antirracista e com equidade de gênero.

Nós, mulheres, traçamos estratégias de sobrevivência, coletividade e de resistência. Por isso, a liderança é algo comum para nós. Nesse sentido, ser mulher e não ser a líder, das nossas trajetórias de vida e de carreira profissional, é uma lástima coletiva.

 

Como dar voz à liderança feminina nas instituições públicas?
Precisamos oportunizar espaços para as nossas vozes ecoarem. Somos a maioria na administração pública, possuímos qualificação profissional e gradativamente estamos ocupando espaços de poder.

Para esse avanço ser ainda mais célere, é necessário que nós mulheres, tenhamos o comprometimento de impulsionarmos nossas companheiras e que mais homens sejam aliados nessa construção sociedade mais justa.

O primeiro passo é o compromisso público de um projeto de sociedade que tenha a pauta da mulher sendo primordial para pensarmos o que queremos para o futuro, e, que esse futuro não seja de sobrevivências, mas sim de viver em plenitude.

O segundo passo está na criação de políticas públicas que aumentem a representação das mulheres nos espaços de decisão, seja através de um cultura organizacional acolhedora e respeitosa, assim como termos uma infraestrutura que atendam as mais diversas mulheres, através de locais que promovam a troca de experiências, informações e redes profissionais de contato entre as servidoras, proporcionando também o alívio mental.

A Cidade do Rio de Janeiro afirma o seu compromisso com a pauta das mulheres a partir da retomada da Secretaria de Políticas e Promoção da Mulher na gestão de Eduardo Paes.

Essa retomada não é apenas uma mudança do organograma. Além da maior autonomia para o tema, o status de Secretaria garantiu o aumento de recursos em seis vezes, e fortaleceu a pauta das servidoras públicas.

Já avançamos muito, mas ainda há um longo caminho pela frente.

 

Qual a importância de um Programa de Liderança Feminina para a PCRJ?
O Programa Rio Liderança Feminina é a concretização do compromisso de uma Cidade que busca impulsionar as mulheres cariocas, nesse caso, as mulheres servidoras. Trata-se de um método inovador, indo além de um programa de capacitação convencional, uma vez que também apresenta ferramentas para auxiliar nas questões subjetivas, como o protagonismo pessoal e a autoliderança. Mais do que tratar a liderança como cargo, o Programa entende que as mulheres podem ser excelentes líderes, de si mesmas e de suas carreiras.

 

Qual o seu maior aprendizado enquanto mulher na liderança?
Eu tenho muito orgulho de ter um corpo técnico tão incrível por ser diverso. Um dos maiores aprendizados que cotidianamente pude construir através dessa coletividade é a percepção da importância da diversidade de narrativas, corpos, pensamentos dentro deste grupo de trabalho, por pluralizar as pautas sobre mulheres outras que convivem nessa cidade.

 

Quais os maiores desafios que você enfrentou em um cargo de liderança por ser mulher?
As mulheres buscam sempre abraçar o mundo com as mãos, por terem aprendido a ser multitarefas em razão de uma estrutura social patriarcal. Entender os meus limites, delegar tarefas, realinhar prazos e metas quando necessário possibilitou refletir e exercer a descentralização do poder e a democratização da gestão pública, o que foi benéfico para atingirmos objetivos com qualidade, tornando, assim as políticas públicas efetivas para a promoção da vida das mulheres. Para isso, é essencial ter um time capacitado e comprometido, e eu tenho.

 

Quais conselhos você daria para outras mulheres que, assim como você, estão em cargos de liderança ou em processo de ocupação de um (cargo)?
O meu maior conselho é que impulsionem mulheres diversas para estarem ao seu lado. A jornada para conseguir um cargo de liderança não é fácil, e, para liderar é necessário um time comprometido e com capacidade técnica.
Aprendi com Angela Davis que “quando uma sobe, puxa a outra” e tenho certeza que, quanto mais mulheres líderes tivermos nas Instituições Públicas, surgirão outras mulheres incríveis, que uma vez sentiram-se inspiradas.